Psicofobia, Homofobia e outros medos

 

 

Bianca* tinha um medo incontrolável de baratas. Essa fobia atrapalhava sua vida social. Ela evitava, a todo custo, frequentar locais onde pudessem aparecer, mesmo que remotamente, baratas. Isso incluía bares e casas noturnas, restaurantes e até mesmo lojas de rua. Segundo Bia, não se tratava de medo e sim de nojo que tinha origem no habitat do famigerado inseto: esgotos, ralos e lixos, locais escuros e sujos com restos de comida estragada.

 

Para seu pai, esse pavor tinha origem em um trauma sofrido por Bianca na infância. Um dia ela, ainda bem pequena, foi acordada na madrugada com berros de sua mãe, que se recusava sair de cima da mesa do jantar devido a presença de uma barata na sala.

Ou ainda quando acordou em um acampamento com a sensação produzida pelas patinhas do inseto que passeava em seu rosto.

 O medo de Bianca pode ter origem no preconceito quanto ao habitat da barata ou nos traumas sofridos na infância? O habitat do animal é, sem dúvida, um fator decisivo para seu carisma. Veja por exemplo os ratos e hamsters, ambos são roedores, porém o primeiro é odiado e o segundo um animalzinho de estimação. 

Mas de onde vem o medo? Existem tipos de medos diferentes? E a reação que ele causa, é possível controlar?

 

Medo e preconceito 

Segundo dr. Lucas Benevides o medo é uma resposta do instinto vital de sobrevivência e de preservação frente a uma situação de perigo, iminente ou mesmo remoto.

É uma reação, consciente ou inconsciente, a qualquer objeto, sujeito ou situação que coloque em risco a existência vital. Esses riscos podem ser biológicos, sociais ou psicológicos.  O pavor a barata sentido por Bianca, no caso, é exemplo de um risco psicológico.

 As percepções do medo são múltiplas e infinitas, é possível se ter medo de quase tudo que nos rodeia ou que habita nossos pensamentos. Alguns desses medos tem fundamento na existência dessa vida, os quais nomeamos conceito e alguns não ,esses chamamos de preconceito. Um exemplo de medo baseado no preconceito é a homofobia, uma repulsa as diversas formas de expressão de gênero. Por ser estranho a dita “normalidade” a homofobia aparece como uma resposta ao medo do diferente.

 

Sensações do Medo

 

A complexidade da experiência humana faz com que, independentemente da qualidade ou quantidade da percepção, a sensação desencadeada pelo medo seja reflexa. O que significa dizer que não teremos controle primordial sobre essa resposta sensitiva à percepção do medo, nem em intensidade, nem em frequência, nem em amplitude. É por isso que é relativamente comum assistir a reações extremadas a presença de baratas ou outros insetos apesar de racionalmente serem seres inofensivos.

Quando a pessoa que sofre de fobia é exposta ao objeto do seu medo ela frequentemente não tem controle de suas reações e isso pode causar desde um mal estar passageiro, paralisação, dores no peito, taquicardia e em casos mais estremos ataques de pânico e até desmaios.

 

Controle primordial X controle desenvolvido

 

Dessa maneira seja qual for o objeto do medo (aranha, barata, doença, gênero ou sexualidade, estrangeiro, etc ) ; seja de origem no conceito ou no preconceito, a resposta ao medo será governada exclusivamente pelas circunstâncias do reflexo.

 

Porém, com um pouco de prática e uso de algumas estratégias, é possível governar, em certa escala, o medo, e assim controlar também as reações extremadas causadas por ele.

 

            Recursos para governar o medo

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  • CONHECIMENTO/ILUMINAÇÃO– É essencial não negligenciar a sensação de medo, ela é uma resposta inteligente da mente, não é ruim e serve para nossa proteção. Ela nos torna mais adaptados a realidade. A sensação reflexa, ou seja, a resposta ao medo, também nos transforma em seres mais aptos, fortes, potentes e criativos.

 

  • PLANEJAMENTO/REFLEXÃO– Após entender que o medo não é um sentimento ruim, é preciso entender a causa especifica dele. Além disso, é essencial pensar em qual mal real o “objeto do medo” pode causar, onde pode nos atingir e qual seria, se isso ocorresse, o desfecho indesejado. Afinal qual o grande mal real que uma barata pode causar a uma pessoa que apenas a enxerga?

 

  • DESENVOLVIMENTO/SUPERAÇÃO– Depois de conhecer melhor o objeto do medo e o que ele pode causar é essencial elencar, em detalhes, todas as medidas de segurança.

As medidas possíveis, permitidas e convenientes devem ser realizadas e satisfeitas segundo a liberdade humana. No caso do medo de barata, ou insetofobia, uma boa limpeza na casa e dedetização do carro podem ser medidas efetivas.

Às medidas de proteção que são socialmente proibidas, humanamente impossíveis ou pessoalmente inconvenientes, até para essas, é possível utilizar os recursos da arte, dos jogos e dos esportes, das religiões e das brincadeiras.

 

Para aqueles que não conhecem ou não se satisfazem com esses recursos desenvolvidos por nós humanos durante séculos de civilização, restará, por fim, a clareza da lei social. O essencial para uma vida mais virtuosa é conhecer seus medos, entender as causas e supera-los, nega-los é o pior caminho.

 

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